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O QUE NÃO TE CONTARAM SOBRE O CIMENTO

O lado obscuro do segundo recurso mais consumido no planeta.


Se você parar por um instante e observar o espaço a sua volta, a não ser que esteja isolado em uma mata fechada ou no meio de um deserto, perceberá que o cimento está mais presente na sua vida do que imagina! Não é de se duvidar que esse material é protagonista na Construção Civil, tendo um papel super importante no desenvolvimento de inúmeros países.


Perdendo apenas para a água no ranking dos recursos mais consumidos mundialmente, o cimento traz consigo inúmeros problemas para o bem-estar do nosso Planeta. Seu processo de produção além de causar grandes impactos ambientais na extração de matérias primas, o calcário e a argila, também é uma gigantesca fonte de emissão de dióxido de carbono - ou gás carbônico, CO2.


Foto: Shutterstock

Onde o problema começa


A primeira etapa para a produção do cimento é a extração das matérias primas: o calcário e a argila. Elas são comumente obtidas por meio da detonação de explosivos em pedreiras a céu aberto, onde encontra-se a rocha calcária, e depois transportadas à fábrica para a próxima etapa. Esse processo de extração, assim como toda atividade mineradora, causa um enorme impacto ambiental podendo acabar com os afloramentos naturais de calcários e sua vegetação característica, interferir no ciclo local das águas prejudicando lençóis freáticos, danificar a paisagem do local e inclusive destruir sítios arqueológicos que possuem um grande valor histórico.


Embora existam normas de exploração e parâmetros legais a serem cumpridos para a realização dessas atividades, infelizmente é comum nos depararmos com casos de violação e extrações irregulares por parte de algumas empresas como, por exemplo, exploração de áreas não permitidas, destruição de biomas e até mesmo interferências em estruturas de cavernas. O maior agravante é que a demanda da construção civil é muito alta para a produção do cimento, o que acarreta na abertura de minas cada vez maiores neste ramo, danificando cada vez mais o meio ambiente.


Produção de Clínquer ou de CO2?


O clínquer é o componente principal do cimento e é na sua etapa de produção que ocorrem as maiores emissões de gás carbônico de todo o processo de fabricação.

As matérias primas, após trituradas e homogeneizadas, são misturadas com outros materiais, como o minério de ferro, e colocados em fornos cilíndricos onde são aquecidos por aproximadamente 1450 °C.


Os combustíveis que alimentam esses fornos gigantes são, na maioria das vezes, obtidos de fontes não renováveis, por exemplo o coque de petróleo - muito usado devido ao seu grande poder calorífico e baixo custo de aquisição. Durante esse aquecimento, o que ocorre é um processo denominado calcinação. A grosso modo é uma queima onde ocorre a reação química de decomposição térmica em que o calcário é dividido em óxido de cálcio (cal virgem) e CO2 – perceberam o problema?

Após a calcinação, o material final é bruscamente resfriado formando o clínquer, grãos com tonalidade acinzentada. Depois desse processo, ele é moído e misturado com gesso e outras adições (como calcário, pozolana ou escória) originando os diversos tipos de cimento que conhecemos.


Processo básico de produção do cimento

“Só acredito vendo!”


Dados do instituto de pesquisa britânico Chatham House apontam que o cimento é responsável por aproximadamente 8% das emissões mundiais de CO2. Aqui no Brasil estima-se que a fabricação de cimento é responsável por até 7,7% das emissões nacionais de CO2 geradas a partir da queima de combustíveis fósseis, sendo a produção de clínquer a maior fonte dessas emissões, segundo dados da United States Geological Survey e a US Energy Information Administration.

Porque o aumento contínuo e rápido das emissões de CO² são prejudiciais ao Planeta?


Embora haja estudos que discordam do posto de vilão para o CO² no aquecimento global, grande parte da comunidade científica aponta para a influência desse e de outros componentes no desequilíbrio climático do nosso Planeta. Mas, afinal, que desequilíbrio é esse?

Vivemos em uma estufa natural, e ainda bem! A Terra possui uma camada de gases – composta principalmente por gás carbônico (CO²), gás metano (CH4) e o vapor de água - que funcionam como uma “cerca invisível”, guardando parte do calor que recebemos do sol e permitindo assim uma temperatura que possibilite a existência da vida. Caso contrário, todo calor que recebêssemos do Sol seria devolvido por completo para o espaço, a temperatura média da Terra seria extremamente baixa e não existiria água na forma líquida - nem vida!



O nosso Planeta possui um processo natural de mudanças que ocorre ao longo de milhões de anos. Porém com a intervenção humana esse processo é modificado, causando desequilíbrios como o aquecimento global. Se a emissão de gás carbônico continuar aumentando na mesma velocidade dos últimos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar suficientemente para causar desastres como o derretimento do gelo das regiões polares, causando inundações de grande parte da costa dos continentes. As correntes oceânicas também poderão ser afetadas de forma a alterar a distribuição de calor na Terra, grandes regiões agrícolas poderão se tornar desertos, e tempestades violentas poderão ocorrer com mais frequência por causa das variações climáticas.

Nem tudo está perdido!


Por falar em preocupação com o clima do planeta, a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável juntamente com os 17 ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram criados no ano de 2015 em uma reunião com mais de 150 líderes mundiais e prevê metas especiais voltadas para a mudança global do clima. O Objetivo 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima busca tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.



Embora as informações sobre o impacto do cimento não estejam tão presentes quanto o próprio no nosso dia a dia, pesquisadores do mundo inteiro já se mobilizaram em diversos estudos na busca de alternativas sustentáveis para o protagonista da construção civil. Entre as alternativas mais estudadas podemos citar:


  • Coprocessamento: substituição do combustível fóssil e não-renovável usado na alimentação do forno rotativo por resíduos provenientes de outras indústrias, utilizando cada vez menos combustíveis de origem fóssil e também diminuindo a produção de lixo.


  • Mudança na formulação do clínquer: A indústria cimenteira tem utilizado o pó de calcário ou filler de calcário cru substituir parcialmente o clínquer na sua formulação. Esse material é uma matéria prima que dispensa a calcinação - etapa que emite grande quantidade de CO².


  • Captura de dióxido de carbono: Essa técnica se utiliza de mecanismos físico-químicos para separar o CO² e outras técnicas de compressão para armazenar geologicamente o dióxido de carbono. Logo, o gás carbônico seria capturado antes de ser solto na atmosfera.

E aí, ficou surpreso com os impactos gerados na produção do cimento? Apensar do lado obscuro, mas sem tirar a necessidade de reformulação de todos esses processos prejudiciais ao planeta, o cimento foi e ainda é um recurso revolucionário, de extrema importância econômica e social no mundo.

Surgiu alguma dúvida? Compartilhe com a gente!



 

REFERÊNCIAS:


CETEM. Exploração do calcário provoca diferentes impactos socioambientais no Brasil. Disponível em: http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=173#:~:text=A%20extra%C3%A7%C3%A3o%20de%20calc%C3%A1rio%20pode,%C2%B4%C3%A1gua%20natural%20e%20eficaz. Acesso em: 11 dez. 2020.


Rodgers, Lucy. Aquecimento global: a gigantesca fonte de CO2 que está por toda parte, mas você talvez não saiba. BBC News. Dez. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46591753#:~:text=Em%202016%2C%20a%20produ%C3%A7%C3%A3o%20mundial,atribu%C3%ADdas%20%C3%A0%20produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20cl%C3%ADnquer. Acesso em: 12 dez. 2020.


ECYCLE. Clínquer: o que é, impactos ambientais e alternativas. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/5870-clinquer. Acesso em: 13 dez. 2020.


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